Educação: o antídoto para o caos

Educação: o antídoto para o caos

Recentemente assisti ao filme “Onde está Segunda? (What Happened to Monday?)”, uma produção que imagina um futuro caótico em que a superpopulação leva os dirigentes a adotarem um rígido controle de natalidade. A obra, com atuações brilhantes de Willem Dafoe e Glenn Close, vai muito além da ficção científica: provoca uma reflexão sobre os limites da ação humana diante da Natureza — e sobre o preço de tentar controlá-la.

O enredo se baseia, ainda que de forma indireta, na antiga Teoria Malthusiana, que defendia que a população cresceria mais rapidamente do que a produção de alimentos, o que resultaria em fome e colapso social. O curioso é que muitos dos que assistem ao filme talvez nunca tenham ouvido falar de Thomas Malthus. E aí está o ponto: será que conseguimos compreender plenamente uma obra se desconhecemos os fundamentos que a inspiram?

Essa pergunta nos conduz a outro problema: o da educação no Brasil. Em um país onde o ensino de qualidade é privilégio e não direito, o que resta é uma massa de pessoas privadas da capacidade de interpretar criticamente o mundo. O sucateamento das escolas e o desprestígio do professor não produzem apenas analfabetos funcionais, mas uma sociedade incapaz de dialogar com a arte, com a ciência e com a própria realidade.

Talvez a grande lição de “Onde está Segunda?” não esteja apenas na trama distópica, mas no espelho que ela nos oferece: o de um futuro em que a falta de educação pode ser tão destrutiva quanto qualquer política de controle populacional.

Porque a verdadeira forma de controle — a única saudável — é o conhecimento. E este, infelizmente, parece estar em extinção.

Um comentário em “Educação: o antídoto para o caos

  1. Excelente análise! Seu texto vai muito além de uma simples resenha, transformando a experiência cinematográfica em uma reflexão profunda sobre sociedade, educação e conhecimento. O vínculo que você estabelece entre a teoria malthusiana e a crítica social contemporânea é muito bem construído — mostra uma leitura madura e interdisciplinar da obra.

    O ponto sobre a educação no Brasil também é extremamente pertinente: você amplia o debate do filme para um problema real e urgente, conectando ficção e realidade de maneira crítica e coerente.

    Uma sugestão construtiva seria aprofundar um pouco mais a transição entre o tema do filme e o tema da educação, talvez explicando brevemente como o desconhecimento de teorias como a de Malthus reflete as falhas do sistema educacional. Isso deixaria a argumentação ainda mais fluida e reforçaria o impacto final.

    No geral, seu texto é instigante, bem escrito e convida à reflexão — exatamente o que se espera de uma crítica com propósito formativo.

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