Não consigo ver pessoas a sofrer — o que tenho, levo para dividir.” A frase da Apóstola Tina, líder da Igreja Pentecostal de Fé e Libertação de Angola, ecoou na Câmara Municipal de Osasco na tarde da última sexta-feira (17), marcando um encontro que vai além da fé: trata-se de diplomacia cultural, memória histórica e compromisso social.
A visita foi organizada pela Frente Parlamentar Nossa História, presidida pelo vereador Josias da Juco (PSD), e reuniu lideranças religiosas, representantes da cultura e da igualdade racial. Tina, conhecida internacionalmente por seu trabalho com populações vulneráveis, veio fortalecer o vínculo entre Osasco e Viana — cidades-irmãs desde 1992.
Recepcionada por figuras como o mentor do programa Nossa História, Sebastião Bognar, o secretário-executivo Paulinho Sambaderua e a pastora Givonete Nascimento, Tina foi saudada como símbolo de reconexão entre Brasil e Angola. Josias destacou o desejo de retomar o convênio com Viana: “Queremos entender como Osasco pode ajudar, assim como Viana.”
Paulinho Sambaderua lembrou que Osasco abriga uma das duas Casas de Angola geridas pelo poder público no país — a outra está em Salvador. “É um espaço de ancestralidade, educação e cultura afrobrasileira. A atual gestão trabalha para reorganizar esse patrimônio e reativar o convênio com Viana”, afirmou.
Tina, que atua com refugiados haitianos em Campinas e comunidades carentes em Frutal (MG), discursou sobre sua trajetória como mulher negra e líder religiosa. “Independentemente de pregarmos a palavra, temos que ter projetos. Meu projeto é social — não consigo ver pessoas a sofrer”, disse.
Ao final do evento, Josias anunciou a criação de uma exposição permanente sobre as cidades-irmãs de Osasco, em parceria com a Secretaria de Cultura. Além de Viana, a cidade mantém laços com Tsu (Japão), Osasco (Itália), Xuzhou e Shandong (China), Shirak (Armênia), Estrela (RS) e Cedro (CE).
A visita de Tina não foi apenas simbólica — foi um gesto concreto de aproximação entre povos que compartilham raízes, desafios e esperanças. Que esse reencontro entre Osasco e Viana seja mais que protocolo: que seja ponte.
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