O bruxo dos sons partiu aos 89 anos, mas sua música continua desafiando o tempo, os rótulos e o silêncio.
A música brasileira perdeu, no último dia 13 de setembro, um de seus maiores alquimistas sonoros: Hermeto Pascoal, o “BRUXO DOS SONS”, faleceu aos 89 anos no Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos. Mas sua partida não encerra sua história — apenas a transforma em eco permanente.
Nascido em Lagoa da Canoa (AL), Hermeto foi autodidata, albino e visionário. Desde criança, ouvia o mundo como partitura: o vento, os pássaros, a chaleira — tudo era música. Com sua sanfona de oito baixos, começou a tocar aos 10 anos e nunca mais parou. Nos anos 1960, em São Paulo, consolidou sua carreira com grupos como o Quarteto Novo e o Sambrasa Trio. Depois, encantou o mundo ao lado de Miles Davis, que o chamou de “o músico mais impressionante do planeta”.
Hermeto rejeitava rótulos. Chamava sua obra de “música universal”, misturando jazz, frevo, baião, choro e improvisações com objetos inusitados. Sua criatividade desafiava convenções e censuras — como quando criou um coral com porcos em plena ditadura.
Mesmo com a saúde debilitada, manteve-se ativo até o fim. Seu último álbum, “Pra Você, Ilza” (2024), é uma homenagem à esposa falecida, com composições guardadas por décadas. Em junho, celebrou seus 89 anos no palco, dizendo: “O corpo pode ser de 88, mas a alma vira menino de novo”.
Hermeto deixa seis filhos, 13 netos, dez bisnetos e uma obra que desafia o tempo. Como ele mesmo ensinou: “Escutemos o vento, o copo d’água, a cachoeira. A música universal segue viva”.
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