Escritor jovem dá voz à periferia e leva experiências locais para grandes eventos literários
Carapicuíba, na Grande São Paulo, tornou-se cenário e inspiração de uma nova obra literária que já desperta atenção dentro e fora da cidade. O escritor e professor Gabriel Carvalho, de 26 anos, lançou recentemente o romance “Barbaridade”, publicado pela editora Patuá, no qual a Cohab II, bairro onde cresceu, assume o papel de verdadeira protagonista da história.
Com um olhar sensível sobre a própria infância e vivências cotidianas, Gabriel transforma bares, fofocas e encontros do bairro em matéria-prima literária. O romance transita entre os anos 1980 e os dias atuais, tendo como ponto central um bar fictício, também chamado Barbaridade, onde os moradores discutem acontecimentos que refletem as complexidades sociais da região.
Inspiração e raízes culturais
A inspiração para a obra surgiu da leitura de Velhos Marinheiros ou Capitão de Longo Curso, de Jorge Amado. Gabriel conta que a forma como o escritor baiano tratava a fofoca o fez revisitar lembranças da Cohab II, onde conversas entre vizinhos e amigos sempre tiveram grande importância.
Além das vivências pessoais, o autor destaca a influência da família em sua formação cultural: a mãe, professora, que incentivava a leitura desde cedo, e o pai, referência musical, que também marcou sua trajetória. Essas bases ajudaram a moldar o escritor que hoje leva a periferia para dentro da literatura nacional.
Carapicuíba como protagonista
Mais do que cenário, Carapicuíba aparece como força motriz da narrativa. Gabriel ressalta que não conseguiria escrever sobre outro bairro com a mesma intensidade, já que as personagens do romance são inspiradas em pessoas reais que marcaram sua infância e juventude.
O livro também toca em temas sérios, como preconceito e as tensões da vida periférica, sem perder o tom humano e poético. “Queria que as personagens fossem muito reais, e para isso, me inspirei em pessoas reais”, afirma o escritor.
Do bairro aos grandes palcos literários
“Barbaridade” representa uma virada na carreira do autor. Além de ser sua terceira obra – após o livro de poemas Descascado e o romance Serenidade do Alvoroço –, o lançamento permitiu que Gabriel participasse de grandes eventos, como a Feira do Livro de São Paulo e a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP).
Ele descreve essa experiência como “furar a bolha”, já que crescer na periferia, segundo ele, significou lidar com a ausência de referências sobre o mercado editorial. Hoje, Gabriel defende que qualquer pessoa pode se tornar escritora e reforça a importância da literatura contextualizada no ensino fundamental, área em que também atua como professor.
Literatura periférica em evidência
A obra “Barbaridade” coloca Carapicuíba em evidência e amplia o espaço da literatura periférica no cenário nacional. Para Gabriel, dar voz às histórias do bairro é também valorizar a identidade e a cultura de milhares de pessoas que compartilham experiências semelhantes.
Fonte e Imagens: Agência Mural
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